O olhar para Infâncias, Juventudes e Mulheres
24 . outubro . 2019A gente entende que o desenvolvimento de um território acontece, também, a partir do desenvolvimento das pessoas que nele vive. Os nossos Estudos de Territórios, a nossa prática sobre a implementação da Agenda 2030, nossos diagnósticos locais e nossos planos e programas têm focado em pessoas nos seus territórios.A área social e da sustentabilidade são multidimensionais e sabemos da complexidade e das dinâmicas únicas que cada um dos territórios tem. Mas é bastante comum a gente se deparar com desafios sociais e estruturantes de três grupos de indivíduos: as crianças, as juventudes e as mulheres. Por isso, sempre que é possível, damos foco de análise nesses três grupos. Eles, ao mesmo tempo que representam a população local mais vulnerável, também são os que têm maior potencial de serem catalisadores de transformação social.
Resumidamente: se todas as crianças forem inseridas, hoje, em um ciclo de prosperidade duradouro, teremos desenvolvimento. As juventudes, se forem vistas, hoje, como estratégicas para o desenvolvimento do país, impactarão positivamente em toda sociedade, podendo encerrar um ciclo de desigualdades e pobreza. As mulheres, se integradas numa dinâmica propícia à igualdade de gênero, poderão colaborar decisivamente com o desenvolvimento do Brasil.
A seguir estão algumas informações sobre crianças, juventudes e mulheres no Brasil que embasam essa nossa escolha:
– Crianças: Os primeiros 6 anos da criança são decisivos para a construção da inteligência, para a socialização e para o desenvolvimento da afetividade. É nessa etapa da vida que acontece a apropriação de valores que formam a base do desenvolvimento e das capacidades da pessoa por toda a vida. Promover e garantir o cuidado e a educação das crianças é a estratégia comprovadamente mais eficaz de promover o desenvolvimento da pessoa ao longo da vida, de um território, da sociedade e do país. “O cuidado, a educação, a proteção, a atenção à saúde, o brincar, o convívio familiar e comunitário são direitos da criança por serem as condições sem as quais ela não sobrevive, não usufrui a vida, não se realiza na existência, não completa seu projeto de vida.” (Rede Nacional da Primeira Infância)
– Juventudes: essa etapa da vida tem impacto sobre a trajetória futura do indivíduo e da sociedade. É um grupo etário bastante plural e heterogêneo, por isso, atualmente, são denominados “juventudes”. Segundo a PNAD Contínua de 2017, dentre a população jovem brasileira, 23% não estava trabalhando formalmente e nem estudando. Claramente, por desafios complexos como pobreza, falta de oportunidades, entre outros. O impacto do desemprego e da baixa escolaridade para as novas gerações ainda pode trazer muitos desafios para o desenvolvimento do país, como a escassez de profissionais qualificados em diversas áreas, a baixa participação política e cidadã, além da perpetuação das desigualdades e pobreza.
– Mulheres: As mulheres são 51,6% da população brasileira e 43,57% da população economicamente ativa do país (PNAD, 2018). Apesar de possuírem maior escolaridade, tem os menores salários. Dos 55,6% da população extremamente pobre no Brasil, é a mulher sem cônjuge com filho(s) até 14 anos que representam cerca de 40% dos chefes de família no país (IBGE, 2017). No meio rural, embora as mulheres sejam responsáveis por produzir mais da metade de todos os alimentos do mundo apenas 30% são donas formais de suas terras, 10% conseguem ter crédito e 5% recebem assistência técnica pra qualificar sua prática, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, 2018). Fica evidente o acúmulo de vulnerabilidades para mulheres, em especial negras e pardas. Não se trata de uma minoria numérica, mas de uma maioria em clara desvantagem.
Há muito a ser feito. Muito mesmo. E destacar realidades territoriais sobre esses três grupos em nossos trabalhos é uma das formas pela qual a HUMANA pode colaborar para que mais pessoas, mais empresas e mais organizações entendam a importância de investir de forma estratégica em ciclos de desenvolvimento inclusivos, justos e duradouros.