Qual o papel dos territórios urbanos nas mudanças climáticas?
9 . dezembro . 2020Na publicação “Os territórios urbanos e as mudanças climáticas – a relevância da atuação local”, a HUMANA aborda processos de governança climática territorial e seu papel estratégico no enfrentamento das emergências climáticas
Quando se fala em como enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, normalmente a abordagem gira em torno de acordos globais e tratados e conferências internacionais. Não raro o olhar exclui a governança territorial, onde a atuação local, quando bem estruturada, pode fazer toda a diferença, especialmente nos espaços urbanos.
É com o intuito de contribuir com a reflexão e o debate sobre possíveis saídas para o impacto da crise climática nos territórios urbanos, que a HUMANA apresenta a publicação “Os territórios urbanos e as mudanças climáticas – a relevância da atuação local“, disponível para download livre em nosso site.
A partir do entendimento de que as cidades podem ter papel decisivo no enfrentamento das causas e consequências de alterações cada vez mais intensas de temperatura e condições atmosféricas, o estudo propõe uma abordagem integral e completa, pensando na construção de processos de governança e planos de enfrentamento, mitigação e adaptação diante das ações climática em territórios urbanos.
Em um contexto em que a perspectiva é cada vez mais de extremos, com efeitos muitos concretos, como secas prolongadas ou temporais intensos e frequentes, o documento pode ajudar a pensar e repensar como as cidades estão estruturadas. Nesta publicação, nós da HUMANA, que atuamos na elaboração de estudos de território e apoiamos a construção de processos de governança climática territorial, apresentamos ideias e caminhos possíveis para a construção participativa de planos territoriais com foco nas mudanças climáticas, que façam sentido para as localidades e para o desafio de se planejar para as emergências impostas pelas alterações do clima.
Territórios urbanos
Os impactos das mudanças climáticas atingem com cada vez mais intensidade as áreas urbanas. A variação de temperatura – com calor acentuado e ondas de frio inéditas – é intercalada por falta d’água e tempo seco durante parte do ano, e enchentes devastadoras em outros períodos.
Vemos aumentar os chamados refugiados ambientais, que precisam migrar para sobreviver – na maioria das vezes para locais igualmente abandonados de planos e soluções realistas para enfrentar as emergências climáticas.
É importante, no entanto, pensar as mudanças climáticas a partir da atuação local não só em função das consequências, mas também a partir de suas causas. Afinal, as alterações estão ligadas à maneira como se vive nas cidades e como os centros urbanos estão estruturados.
Hoje, mais da metade da população mundial vive em cidades. Em 2050, segundo a ONU, a perspectiva é de que esse número chegue a 66%. Não é uma coincidência que 49% das emissões de gases de efeito estufa no setor de Energia vêm dos transportes terrestres. Isso significa que se considerarmos apenas o recorte da mobilidade, as cidades e aglomerações urbanas já ocupam uma posição crítica e estratégica no combate à crise climática.
Para além da mobilidade, no entanto, se a intenção é uma abordagem integrada no enfrentamento das alterações climáticas, devemos ainda olhar para questões como a economia local, a educação, a saúde, a segurança alimentar, a violência, entre outras.
Assim, os planos de emergência territoriais devem ser construídos de forma participativa e refletir as demandas sociais daquele contexto específico – e sempre com uma abordagem integrada, que dialogue com os planos municipais e regionais.
O que podemos fazer?
Temos que entender que as soluções são do “local para o global” e que precisamos avançar nas estratégias integradas dos territórios, sempre com bases científicas, e dialogando com os acordos internacionais. O que vemos, hoje, é que ainda há um desequilíbrio entre as ações globais (que evoluíram significativamente nas últimas três décadas) e as ações locais (que demandam cada vez mais participação).
Veja a publicação “Os territórios urbanos e as mudanças climáticas – a relevância da atuação local”
miolo_HUMANAEnquanto a maior parte dos esforços referentes às alterações climáticas são direcionados ao agronegócio e ao desmatamento, as emissões urbanas e o desenvolvimento dos territórios acabam negligenciados pelo poder público, pelas instituições, pelas empresas e pela sociedade.
Entender responsabilidades, conversar e discutir, pensar a partir de processos participativos, de diagnósticos reais e sérios, de planos concretos, é um começo importante para uma discussão que se mostra urgente. E essa publicação tem como objetivo colaborar justamente com esse debate. O que é preciso, afinal, para que os territórios passem a ter um papel estratégico no enfrentamento da crise climática?